Mercado Modelo: veja detalhes da reforma que custará R$ 14,5 milhões

Conforme antecipado por Olho Público na semana passada, a Prefeitura de Salvador abriu licitação para contratar empresa que fará a reforma do Mercado Modelo, um dos principais pontos turísticos da capital baiana. Com base nas informações do edital da licitação, o blog mostra os principais aspectos daquele prédio histórico que serão recuperados.

A obra prevê a restauração do telhado, do forro de madeira, do piso de pedra, cantarias (pedras talhadas), esquadrias de madeira e cimalhas (vigas). A reforma também fará melhorias nos sistemas elétrico e hidráulico do Mercado Modelo, além de instalar novos equipamentos de informática, incluindo 51 câmeras de monitoramento.

Para combate e prevenção de incêndio serão gastos R$ 125 mil em seis tipos de extintores. Durante a reforma, também serão instalados uma nova central de alarme e sensores que detectam fumaça e calor.

No quesito acessibilidade, a obra vai equipar o Mercado Modelo com uma plataforma elevatória para cadeiras de rodas, no valor de R$ 140 mil. Um elevador convencional, para oito pessoas, também será instalado. Escadas em madeira serão demolidas para dar lugar a escadas de concreto.

Parte da alvenaria em pedra e do piso em pedra calcária também serão demolidos, pois serão trocados por porcelanato ou pisos de alta resistência.

O prazo para execução da reforma, orçada em R$ 14,5 milhões, é de 600 dias, o que corresponde a pouco mais de um ano e meio. O edital da licitação informa que esse valor será pago por meio de recursos do orçamento municipal e de um convênio com a Caixa Econômica Federal. A abertura das propostas ocorrerá no dia 7 de junho.

Olho Público procurou a Prefeitura de Salvador para saber a data prevista para o início reforma no Mercado Modelo e se haverá algum tipo de compensação para os comerciantes que serão afetados pelas obras. Essa matéria será atualizada a qualquer momento para inclusão da resposta.

Associação privada de Salvador terá que devolver R$ 9,8 milhões

O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), associação privada sediada em Salvador (BA), a devolver R$ 9,8 milhões à Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). A punição é resultado de impugnação parcial de convênio celebrado entre as duas instituições em 2013, para gestão operacional de hospital universitário em Petrolina (PE).

O ISGH foi contratado para pela UNIVASF poque a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que é subordinada ao Ministério da Educação, não tinha recursos humanos em quantidade suficiente para o Hospital Dr. Washington Antônio de Barros, que em 2012 foi transferido da administração municipal para UNIVASF. O contrato com o ISGH seguiu até 2015, ano em que a EBSERH realizou concurso público.

Multado em R$ 500 mil, o presidente do ISGH, Carlos Alberto do Espírito Santo, teve sua prestação de contas rejeitadas pelo TCU, que classificou como “graves” as infrações atribuídas ao gestor do ISGH. Essa punição também impede o “exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da administração pública, pelo prazo de 6 (seis) anos”.

Dentre as irregularidades reconhecidas pelo TCU está a subcontratação de empresas para prestação de serviços que não estavam previstos no contrato do ISGH com a UNIVASF.

O acórdão com a punição aplicada ao ISGH e a Carlos Alberto do Espírito Santo foi divulgado hoje (7 de maio). Na Receita Federal, o CNPJ do ISGH consta como “inapto” por “omissão de declarações”. A sede do IGHS funcionava em escritório localizado Caminho das Árvores. Olho Público não conseguiu contato com ISGH.

COVID-19: SESAB e PMS não encontram fornecedores para kit intubação

Fracassou mais uma tentativa da Secretaria da Saúde da Bahia (SESAB) para adquirir medicamentos utilizados por pacientes de UTI que dependem de intubação. A Prefeitura de Salvador, que enfrenta a mesma situação, continua procurando fornecedores de anestésicos e analgésico do kit intubação.

Ontem (6 de maio), a SESAB divulgou que sua mais recente licitação não encontrou fornecedor para o analgésico propofol e para o neurotransmissor dopamina. No final do mês passado, a SESAB conseguiu comprar somente 4 mil das 90 mil unidades de propofol que precisa adquirir. Nessa mesma licitação, foram adquiridas 29 mil unidades do relaxante muscular midazolan, uma pequena fração da demanda da SESAB, que é de 1,8 milhão de unidades.

Outra licitação da SESAB, que será encerrada em 17 de maio, busca adquirir o anticoagulante heparina sódica e o analgésico fentanil, cuja demanda é de 660 mil unidades.

A Prefeitura de Salvador, que não consegue comprar propofol desde março, abriu ontem licitação para aquisição desse e de outro anestésico do kit intubação, o tramadol. O prazo de entrega das propostas é de apenas três dias. Uma licitação para compra do anestésico dextrocetamina foi prorrogada devido à ausência de fornecedor.

Lentidão protege servidores que fazem negócios com o estado

Utilizando como exemplo um processo administrativo aberto na última quarta-feira (5 de maio) pela Fundação Pedro Calmon (FPC), autarquia vinculada à Secretaria da Cultura da Bahia, Olho Público convida os órgãos de controle da Bahia a serem mais eficientes para impedir que empresas que têm como sócios servidores públicos façam negócios com a administração pública estadual, o que é proibido por lei.

O que chama atenção neste caso específico não é o valor envolvido, mas a lentidão da apuração dos fatos, fenômeno muito comum. Conforme levantamento feito por Olho Público no sistema de consulta do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), nos casos que viram ações judiciais, com o objetivo de restituir valores recebidos de forma irregular, a lentidão dos processos administrativos é fundamental para a impunidade.

O processo aberto ontem pela FPC investiga fatos de 2016. Naquele ano, empresa que tem como sócia servidora lotada naquela autarquia, recebeu R$ 96 mil da Secretaria da Saúde (SESAB), conforme dados da plataforma Transparência Bahia. A lei estadual nº 6.677, de 26/09/1994, proíbe servidor público de “transacionar com o Estado, quando participar de gerência ou administração de empresa privada, de sociedade civil, ou exercer comércio”.

Em 2017, um processo administrativo já tinha sido aberto pela Secretaria da Administração da Bahia (SAEB), com o objetivo de apurar “suposto administrativo (sic) praticado em virtude de servidor ser integrante de quadro societário de empresa que é fornecedora do estado”, conforme registro obtido por Olho Público. Considerando o prazo estabelecido pela portaria da FPC, a conclusão da investigação poderá avançar até outubro.

A pessoa que figura como sócia da fornecedora da SESAB foi dispensada “a pedido” da FPC em dezembro de 2016. O blog perguntou à FPC qual era o tipo de vínculo, mas a assessoria de imprensa não respondeu, alegando o “caráter sigiloso” do processo. No entanto, consulta ao Diário Oficial revela que essa pessoa já atuava na FPC em 2007, onde ocupou cargo de direção. A empresa da qual a ex-servidora ainda é sócia foi aberta no ano 2000, segundo dados da Receita Federal.

Escapar de punições administrativas na Bahia não é difícil. É só apostar na lentidão contumaz dos processos administrativos. O caso envolvendo a ex-servidora da FPC poderá ser mais um exemplo disso, já que “o prazo prescricional para instauração do processo sancionatório é de 5 (cinco anos) e começa a correr a partir do conhecimento do fato ilícito”, conforme estabelece a lei estadual nº 12.209, de 20/04/2011.

Em consulta ao sistema do TJ-BA, Olho Público encontrou nove processos judiciais ativos envolvendo denúncias de pagamentos feitos pela administração pública da Bahia a empresas que têm como sócios servidores estaduais. Quanto ao volume de processos administrativos abertos e concluídos, bem como a soma dos valores pagos irregularmente, só um requerimento via Lei de Acesso à Informação pode revelar. O prazo para resposta é de até 30 dias.

BOPE baiano finalmente ganha drone

Está esclarecido o fato de o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar da Bahia não ter utilizado drone durante a operação em Salvador (BA) que resultou na morte do PM Wesley Góes, no final de março. Somente agora, sete anos após a sua criação, é que o BOPE passa a ter um drone para chamar de seu.

Olho Público sabe que havia um drone sobrevoando a área do Farol da Barra durante o cerco ao policial surtado, mas aquele equipamento pertence a outra unidade da PM, o Grupamento Aéreo (GRAER). O blog não tem condições de avaliar se o drone foi ou não bem utilizado naquele momento, mas é estranho o fato de que a compra de um equipamento deste tipo para utilização do BOPE tenha demorado tanto.

O Comando da Polícia Militar da Bahia não respondeu às questões enviada por Olho Público. Considerando o valor pago pelo equipamento (R$ 89 mil), é provável que o modelo adquirido pelo BOPE seja o 300 RTK, do fabricante DJI, com alcance máximo de 15 km. Esse aparelho é idêntico ao drone utilizado pelo GRAER.