Pandemia altera horários do Sistema Ferry-Boat

A partir de próxima terça-feira (23 de março), a travessia da Baía de Todos-os-Santos por meio do Sistema Ferry-Boat vai operar com horários diferenciados. A mudança ocorre em virtude das regras de restrição de locomoção noturna anunciadas pelo governador Rui Costa. A travessia Salvador/Itaparica terá partidas nos seguintes horários: 05h30, 6h00, 8h00, 10h00, 11h00, 12h00, 14h00, 16h00, 18h00 e 19h30, de segunda a sexta-feira. Os horários da travessia Itaparica/Salvador serão: 5h30 6h00, 8h00, 9h00, 10h00, 12h00, 13h00h, 14h00, 16h00h, 17h00, 18h00h e 19h30, de segunda a sexta-feira.

Segundo resolução da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (AGERBA), “fica mantida a ocupação máxima de 100% (cem por cento) da quantidade total de veículos e de 75% (setenta e cinco por cento) da quantidade total de passageiros nas embarcações”. Em caso de “necessidade inadiável”, o órgão regulador informa que poderão ser estabelecidos “horários extras, desde que haja comunicação e autorização prévias”. As embarcações poderão operar com 100% da capacidade de passageiro e 75% da capacidade para veículos.

COVID-19: Bahia não tem plano para ajudar municípios sem oxigênio

Provocada por Olho Público, a Secretaria Estadual da Saúde (SESAB) não informou se existe plano logístico emergencial para ajudar municípios do interior que já estão encontrando dificuldades para repor estoques de oxigênio, com risco iminente de desabastecimento. O mesmo questionamento foi feito ao Ministério da Saúde, mas Olho Público não obteve resposta.

Há 15 dias, a prefeitura de Queimadas tenta contratar fornecedor para 240 cilindros de oxigênio. Nova licitação foi lançada nesta quarta-feira (16 de março), já que a anterior não atraiu interessados. Além de Queimadas, Valente e Cipó também correm risco iminente de terem seus estoques de oxigênio zerados nos próximos dias, conforme reportagens recentes da TV Bahia e do jornal Correio.

A empresa White Martins, que é a maior fornecedora de gases hospitalares para a SESAB, respondeu a Olho Público na semana passada que tem capacidade para responder a um aumento repentino na demanda, mas que isso depende de uma comunicação prévia por parte do poder público.

Se o fabricante diz que pode ajudar, falta saber quem poderá levar o oxigênio a Queimadas, Valente, Cipó ou a outros municípios que poderão estar passando por aperto. Se por alguma razão não existem empresas interessadas em fazer isso, uma solução alternativa terá que ser encontrada.

Procurada por Olho Público, a SESAB limitou-se a informar que tem “elevada capacidade de armazenagem nos hospitais” e que não há risco de faltar oxigênio nas unidades de saúde que compõem a sua rede.  

No dia 18 de janeiro, o Ministério Público da Bahia comunicou ter questionado à SESAB se o fluxo de abastecimento de oxigênio pode suportar eventual aumento na demanda. Procurado por Olho Público, o MP informou, por meio de nota, que provocou a SESAB quanto à necessidade de um plano emergencial, mas somente para as unidades próprias da SESAB.

A resposta do MP afirma também que um ofício distribuído ontem (16 de março) solicita a todos os promotores de justiça da Bahia que façam aos gestores dos municípios em que atuam “os mesmos questionamentos antes direcionados à SESAB”. Sobre a situação específica de Queimadas, o MP informou que “novo inquérito civil foi instaurado para apurar os fatos”.

“Lockdown” vai paralisar atendimento em delegacias da Bahia

Procurado na manhã desta quarta-feira (17 de março) por Olho Público, o Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (SINDIPOC) confirmou que categoria deve aderir à paralisação programada para amanhã (18 de março). Batizado de “Lockdown da Segurança Pública – Pela imediata vacinação dos policiais”, o ato foi convocado pela Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais Civis da Região do Nordeste (FEIPOL NORDESTE), o que significa que a paralisação pode acontecer em todos os estados nordestinos.

Olho Público conversou por telefone com Eustácio Lopes de Oliveira Filho, presidente do SINDIPOC. Ele confirmou que a paralisação programada para amanhã acontecerá das 8h ao meio-dia. Neste horário, segundo o dirigente sindical, o atendimento nas delegacias da Bahia (capital e interior) ficará suspenso, com exceção para os casos de flagrante e levantamento cadavérico.

Eustácio informou a Olho Público que o SINDIPOC não fez um comunicado formal à Secretaria de Segurança Pública da Bahia sobre o “Lockdown” programado para amanhã. No entanto, um aviso publicado pela FEIPOL na edição de hoje do Diário Oficial da União convoca “todos os Sindicatos filiados dos policiais civis da região Nordeste” para um grande ato de paralisação geral”. O efetivo da polícia civil na Bahia, segundo Eustácio, é formado por 5,4 mil pessoas. Levantamento do SINDIPOC afirma que a COVID-19 já causou a morte de 20 policiais baianos.

Polícia responde

Procurada por Olho Público, a Polícia Civil da Bahia respondeu, por meio de nota, que “os atendimentos estarão mantidos nas delegacias,  e que o cidadão também poderá utilizar a Delegacia Digital (www.delegaciadigital.ssp.ba.gov.br) para os registros classificados na plataforma”.

Sobre a reivindicação do SINDIPOC e da FEIPOL NORDESTE para que os policiais sejam vacinados, a nota afirma que “o Gabinete da Delegada-Geral acompanha os pleitos e já demandou à SSP acerca da inserção das carreiras policiais civis como grupo prioritário para vacinação. No entanto, reconhece que a decisão sobre a matéria em questão é atribuição das autoridades sanitárias estaduais e nacionais”.

Vai faltar oxigênio na Bahia?

É de conhecimento geral que o agravamento da pandemia de COVID-19 provocou um aumento descomunal no consumo de oxigênio em todo o Brasil, seja na rede privada de hospitais ou no SUS. No início de janeiro, em meio à crise em Manaus, a White Martins, que também é a principal fornecedora de gases hospitalares para a Secretaria de Saúde da Bahia, confirmou que teve que ampliar a produção no Amazonas “até o limite”. No final daquele mês, durante visita a um hospital, o secretário municipal de Saúde, Léo Prates, declarou que não havia risco “iminente” de falta de oxigênio em Salvador.

No início de fevereiro, a White Martins respondeu à revista Veja que “a situação sanitária vivida em Manaus não se reflete em outras regiões do Brasil”. No entanto, de lá para cá o cenário da pandemia piorou em todo o país, com a média de mortes batendo recordes sucessivos. Diante disso, e do atraso na vacinação, a indagação é inevitável: pode faltar oxigênio na Bahia?

Olho Público escolheu não fazer essa pergunta ao Governo da Bahia ou à Prefeitura de Salvador. Em vez disso, a questão foi enviada diretamente ao ator principal, ou seja, à empresa responsável pelo abastecimento dos hospitais baianos. Eis a resposta da White Martins enviada nesta terça-feira (9 de fevereiro) a Olho Público:

A White Martins informa que o fornecimento de oxigênio vem sendo realizado regularmente aos seus clientes das redes de saúde pública e privada na Bahia, conforme estabelecido em contrato. A companhia tem mantido contato constante com os seus clientes e autoridades de saúde locais sobre as variações de consumo de oxigênio. Nestas oportunidades, a empresa solicita que sejam comunicadas formalmente e previamente as necessidades de acréscimo no fornecimento do produto bem como a previsão da demanda. Isso porque compete às instituições de saúde públicas e privadas sinalizar qualquer incremento real ou potencial de volume de gases às empresas fornecedoras”.

A nota enviada a Olho Público pela assessoria de imprensa da multinacional acrescenta: “A White Martins – como qualquer fornecedora deste insumo – não tem condições de fazer qualquer prognóstico acerca da evolução abrupta ou exponencial da demanda”.

Em resumo, o que a empresa diz é que se houver um bom planejamento por parte da administração pública, não haverá falta de oxigênio na Bahia. Resumindo ainda mais: se avisar (com antecedência), não vai faltar.

COVID-19: faturamento de empresa de ambulâncias dobra e chega a R$ 28 milhões

O faturamento anual da empresa baiana Vital Med com um de seus principais clientes institucionais, a Secretaria do Estado da Bahia (SESAB), registrou crescimento meteórico, em função do aumento da demanda provocado pela pandemia de COVID-19 na Bahia. De 2015 a 2018, a conta anual paga pela SESAB à Vital Med oscilou entre R$ 9,9 milhões e R$ 13 milhões. Em 2019, último ano antes da pandemia, o faturamento atingiu R$ 14,6 milhões. Em 2020, quando vírus se espalhou pelo Brasil, atingindo fortemente a Bahia, o valor anual pago à Vital Med pela SESAB dobrou, chegando à cifra impressionante de R$ 28 milhões. A maior parte desses gastos envolve transporte de pacientes em ambulâncias.

Todos esses valores foram obtidos por Olho Público por meio de consulta à plataforma Transparência Bahia. Desde janeiro, a SESAB já gastou R$ 1,4 milhão com a Vital Med, valor que não inclui R$ 12,7 milhões, montante referente à soma de dois contratos com dispensa de licitação que aparecem no site criado pela SESAB para informar gastos e aquisições relacionados à pandemia.

Neste ritmo, se a pandemia não ceder significativamente neste ano, como consequência da campanha nacional de vacinação, o faturamento da Vital Med com um de seus principais clientes institucionais na Bahia poderá atingir mais um recorde expressivo.