Multinacional do segmento químico terá fábrica em Passé

Com sede em Chicago (EUA), a Chlorum Solutions obteve licença prévia para uma planta no Parque Industrial Mário Pachêco Cruz, em São Sebastião do Passé, município da Região Metropolitana de Salvador. A empresa pretende produzir ácido clorídrico, hipoclorito de sódio hidróxido de sódio e salmoura de alta pureza. 

O licenciamento ambiental do empreendimento é conduzido pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (INEMA). Na fase atual, o órgão estadual fará a análise da viabilidade ambiental do negócio. Para construir a planta e iniciar a produção, a Chlorum Solutions ainda terá que obter as licenças de implantação e de operação. 

Por enquanto, a única planta ativa da Chlorum Solutions no Brasil fica no Ceará. Outra fábrica está sendo construída em Codó (MA). A empresa também tem operação no Uruguai. O site da empresa não cita a fábrica que será construída na Bahia. 

Uma das vantagens competitivas apresentadas pela multinacional é a não utilização de cloro gasoso no processo de produção. A exposição a esse tipo de gás oferece perigo à saúde humana. 

Há dois anos, a Chlorum Solutions captou R$ 110 milhões para iniciar expansão no Brasil. O acionista majoritário da multinacional é uma empresa norte-americana que opera nos segmentos imobiliário e de fundos de investimento do tipo private equity. 

Salvador: marina revitalizada terá “SAC Náutico”

Informações contidas na portaria de renovação da licença ambiental da Marina da Penha, em Salvador (BA), revelam parte dos equipamentos e serviços que serão instalados e oferecidos naquele local, que está sendo revitalizado desde 2019.

A principal novidade é a instalação do “SAC Náutico”, que não tem nada a ver com os postos do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), que fazem emissão de carteira de identidade (RG) e outros serviços, na capital e no interior baiano.

Prevista desde 2010 como parte do Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos-os-Santos, a criação do “SAC Náutico” era projetada para o terminal náutico do Comércio (antigo cais da Bahiana).

A Marinha da Penha também terá auditório, pontos de venda de roteiros turísticos, vitrines para artesanato, oficina para barcos, espaço para qualificação profissional e “oficina de utilidades”, revela a licença emitida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA).

Com relação à data prevista para inauguração da nova Marina de Penha, e quais serviços serão oferecidos pelo “SAC Náutico”, Olho Público aguarda resposta da Secretaria do Turismo da Bahia (SETUR). Essa matéria será atualizada em breve.

Juazeiro e Campo Formoso poderão receber 19 parques eólicos

A pernambucana Brennand Energia obteve licença prévia para instalar 19 parques eólicos na Bahia. Denominado “Complexo Eólico Massaroca”, o empreendimento terá 285 aerogeradores de 3 MW, que serão instalados em 30 propriedades rurais dos municípios de Juazeiro e Campo Formoso, conforme informação publicada hoje (18 de junho) pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA).

Quando atingir sua capacidade plena, o Complexo Eólico Massaroca poderá produzir até 855 MW, dado que poderá tornar esse empreendimento o maior gerador de energia eólica na Bahia. Olho Público não conseguiu contactar a Brennand Energia para obter mais informações sobre o cronograma do empreendimento.  Oito centrais eólicas já são operadas na Bahia pela Brennand Energia – todas localizadas no município de Sento Sé. Juntas, essas centrais produzem 247 MW.

Fábrica de biodiesel obtém licença de operação

Anunciada há dois anos como novo empreendimento na Bahia, a planta de biodiesel da Binatural, localizada em Simões Filho (BA), recebeu licença de operação dada pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). A autorização permite a produção de mensal de 30 mil metros cúbicos de biodiesel e de subprodutos como borra mista, glicerina e ácidos graxos.

A fábrica na Bahia é a segunda unidade da Binatural, que também opera uma planta em Formosa (GO). Segundo informação da empresa, a produção em Simões Filho será destinada ao abastecimento da região Nordeste e do Porto de Aratu, por meio do qual serão exportados os subprodutos do biodiesel.

A planta na Bahia tem o dobro da capacidade de produção da fábrica em Goiás. Localizada em área ocupada anteriormente pela Comanche Clean Energy, a fábrica da Binatural representa um investimento de R$ 70 milhões.

Com 24 anos de atraso, CERB contrata pesquisa para detectar urânio em água

Pesquisa que será realizada por empresa contratada pela Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (CERB) vai detectar se há presença de urânio em 30 amostras de águas subterrâneas na Bahia. O termo de referência do contrato da licitação vencida pela Bioagri Ambiental não informa onde serão coletadas essas amostras. Olho Público solicitou essa e outras informações à assessoria de comunicação da CERB, mas não obteve resposta.

Olho Público aposta que as amostras que poderão conter vestígios do mineral radioativo serão coletadas na Província Uranífera de Lagoa Real, área de 1.200 quilômetros quadrados, distribuída entre Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora. É naquela região que acontecem as atividades de mineração e beneficiamento de urânio da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ligada ao governo federal. O urânio da Bahia é matéria-prima do combustível nuclear fabricado pela Marinha em Resende (RJ).

O blog atribui o silêncio da CERB ao fato de que em 2013 a estatal construiu uma cisterna para água destinada ao consumo humano em Caetité, supostamente sem saber que o urânio presente naturalmente no solo daquela região pode contaminar a água de origem subterrânea. Foi a INB que detectou a contaminação na cisterna aberta pela CERB, mas a estatal federal demorou sete meses para alertar a prefeitura de Caetité, que lacrou o poço.

Ambientalistas sustentam que a presença de urânio na água de Caetité, em nível seis vezes maior do que a legislação permite, foi causada pelas atividades da INB. No entanto, levantamento feito por Olho Público revela realidade diferente: a pesquisa que acaba de ser contratada pela CERB deveria ter sido feita há 24 anos. A CERB não poderia ter desconsiderado o risco de contaminação das águas subterrâneas em Caetité e Lagoa Real, pois esse fenômeno já era conhecido na década de 1990.

Informação pública

Em 1997, para embasar o pedido de licença ambiental imprescindível para o início de suas operações, a INB contratou uma empresa independente para elaborar um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Esse documento é importante porque descreve, para uma determinada região, o estado dos diversos aspectos ambientais – incluindo a água – antes da instalação de um empreendimento.

O RIMA e demais documentos do processo de licenciamento ambiental são públicos e ficam disponíveis no site do Ministério do Meio Ambiente, no caso dos licenciamentos que dependem de aval federal. O RIMA da INB contém a informação de que a presença de urânio na região de Caetité ocorre em faixas de solo com profundidades entre um e 25 metros. A CERB desconsiderou essa e outras informações que Olho Público destaca nessa matéria.

Elaborado pela empresa Planarq, o RIMA da INB afirma que “alguns pontos de monitoramento de águas subterrâneas – poços artesianos, cacimbas, cisternas etc” apresentavam, em 1997, “teores de rádio demasiadamente elevados”. Citando dados do Ministério da Saúde, o relatório diz que a incidência de neoplasias naquela região era 28% maior do que na área de controle, formada por Mairi, Mundo Novo e Ruy Barbosa.

Câncer raro

A inexistência, na região de controle, de casos de câncer do encéfalo, distúrbio apontado pelo RIMA da INB como “bastante raro” e “bom indicador de dano radioativo” é outro dado que sugere que contaminação por urânio é um fenômeno natural e, portanto, anterior ao início da chegada da INB. No período de referência para o relatório, ocorreram quatro casos de câncer do encéfalo na região da Província Uranífera.

Antes de 2013, ano em que a CERB perfurou a cisterna contaminada, já existiam estudos científicos na Bahia relacionando a ocorrência natural de urânio à incidência de doenças. Um desses trabalhos, feito por pesquisador da Faculdade de Medicina da UFBA, revela que entre 1980 e 2010 a tendência de desenvolver câncer do intestino entre moradores de Caetité com mais de 50 anos (50,52%) era muito maior do que a média geral da Bahia (2,62%).

Acúmulo no organismo

Utilizando dentes humanos como indicadores, pesquisa divulgada em 2007 pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) descobriu que o índice de incorporação de urânio no organismo de moradores de Caetité é 25 vezes maior do que a do grupo controle (moradores da área da represa de Guarapiranga, em São Paulo) e 100 vezes maior do que a média mundial.

Olho Público perguntou à CERB se a análise que será feita agora é o primeiro monitoramento da presença de urânio em águas subterrâneas feito por iniciativa da estatal baiana, mas não houve resposta. Não foram encontradas evidências de que a CERB já tenha feito essa análise.  Embora a cisterna contaminada tenha sido aberta pela CERB, a análise que confirmou o laudo da INB foi feita pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA).

Se a CERB tem poder e orçamento para contratar esse tipo de pesquisa, por que não fez isso antes de sair perfurando cisternas na região de Caetité? Se esse dado estivesse disponível naquela época, confirmando o que o RIMA da INB e trabalhos científicos sinalizavam, já poderia ter sido tomada alguma solução para evitar que a população daquela região continue ingerindo e utilizando água com urânio.