EMBASA explica dificuldade para reduzir desperdício de água

A assessoria de comunicação da EMBASA enviou respostas aos questionamentos feitos por Olho Público. Matéria publicada ontem (26 de abril), com base no Relatório da Administração referente às atividades da estatal em 2020, revela que a EMBASA não consegue reduzir o desperdício de água em sua rede, que está se aproximando de 50%.

Segundo a própria EMBASA, o volume desperdiçado em 2020 – que inclui fraudes, vazamentos e a água utilizada no processo de operação da rede distribuidora – foi de 334 milhões de metros cúbicos. Para se ter uma ideia do tamanho desse desperdício, esse volume é maior do que a quantidade anual de água tratada por estados como Tocantins, Rondônia, Acre e Amapá, segundo dados do IBGE.

Na resposta a Olho Público, a EMBASA afirma que tem “investido muito, nos últimos anos, no combate a perdas, tanto físicas como comerciais”, e que vem realizando reparos de vazamentos “no menor prazo possível”. Sem citar dados, a EMBASA alega que a ocorrência de fraudes associada a oscilações na renda de uma parcela de sua base de consumidores também contribui para o elevado índice de desperdício.

O aumento da pressão na rede de distribuição, necessário para que a água tratada chegue a estabelecimentos em áreas elevadas, é outro fator que gera desperdício, detalha a nota a enviada ao blog. EMBASA também afirma que tem feito substituições de redes que apresentem problemas recorrentes.

Olho Público não duvida que a EMBASA tem feito esforços para melhorar a eficiência em sua rede de distribuição. No entanto, dados da empresa disponíveis para consulta pública revelam que o volume desperdiçado aumentou 57,45% de 2009 a 2020, o sugere que a EMBASA precisa se empenhar muito mais para garantir disponibilidade de água tratada às gerações futuras.

EMBASA aumenta lucro, mas não reduz desperdício

O Índice de Perdas de Distribuição (IPD) na rede atendida pela Empresa Baiana de Água e Saneamento (EMBASA) permanece no mesmo patamar, superando as taxas nacional e de outros estados do Nordeste. Análise feita por Olho Público do recém-divulgado Relatório da Administração da EMBASA aponta metas de interesse público que não foram atingidas em 2020.

A estatal é responsável pelo abastecimento de 366 dos 417 municípios baianos. Em 2020, a EMBASA pretendia reduzir seu IPD de 46,5% para 44,1%, mas houve aumento, com o índice atingindo 46,6%. Há pelo menos três anos, a EMBASA não consegue atingir suas metas de redução de desperdício de água, que permanece em patamar superior ao último dado nacional divulgado pelo Instituto Trata Brasil, que é de 38,5% (2018).

Olho Público procurou a EMBASA para saber por que a empresa não consegue reduzir o desperdício de água. A assessoria de comunicação da empresa confirmou o recebimento do questionamento, mas não enviou resposta ao blog. Em Alagoas, Sergipe, Paraíba e Ceará o índice de desperdício de água é inferior ao da estatal baiana.

A COVID-19 não comprometeu o desempenho econômico da EMBASA. O resultado de 2020 (R$ 242,9 milhões) representa acréscimo de 31% na comparação com 2019. No entanto, a pandemia é apontada como justificativa para o não atendimento de outras duas metas de interesse da sociedade: Acréscimo de Ligações de Água (ALA) e Acréscimo de Ligações de Esgoto (ALE).

O pior resultado foi o do ALE. A EMBASA pretendia encerrar 2020 com um acréscimo de 74,7 mil ligações, mas só fez 45,4 mil (39% abaixo da meta). No quesito universalização do acesso à água (ALA), foram feitas 97,8 mil ligações, desempenho 12% abaixo da meta de 111,2 ligações.

No caso do esgoto, o resultado abaixo da meta coincide com uma redução de 12% no investimento feito pela EMBASA. Em 2019, a empresa gastou R$ 239 milhões com serviços de esgotamento sanitário, mas em 2020 esse valor caiu para R$ 210 milhões. Em seu relatório, a empresa atribui esse desempenho à redução do número de ligações de água, serviço afetado pela diminuição do atendimento presencial.