Gastos da Braskem com “evento geológico” podem ultrapassar R$ 9,2 bi

O Relatório da Administração da Braskem referente a 2020, divulgado nesta quinta-feira (18 de março), informa que o montante provisionado em virtude do “evento geológico em Alagoas” foi reajustado para R$ 9,2 bilhões. Mas o documento faz a ressalva de que a empresa “não pode descartar futuros desdobramentos relacionados ao tema ou a seus gastos associados, e os custos a serem incorridos pela Braskem poderão ser diferentes de suas estimativas”.

O que a Braskem chama de “evento geológico em Alagoas” é, na avaliação feita pelo Serviço Geológico do Brasil e pela Defesa Civil, “o maior desastre em curso no país”, conforme informação divulgada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Desde 2018, quatro bairros de Maceió são afetados por rachaduras em ruas e imóveis. Causado pela exploração de sal-gema, matéria-prima obtida pela Braskem, o problema só vem se agravando.

O relatório informa que 4,2 mil imóveis foram desocupados até dezembro de 2020. A movimentação do solo transformou em ruínas partes dos bairros afetados. Os danos causados pela Braskem já comprometem uma área de 242 hectares.

Até 2019, a Braskem tinha aprovisionado R$ 3,83 bilhões em virtude do “evento geológico de Alagoas”. O reajuste feito em 2020 considera acordos firmados pela empresa com o Ministério Público, fechamento de 35 poços de extração de sal, relocação de pessoas, pagamento de auxílio emergencial, compensações financeiras e estabilização do solo, entre outras questões.

Linha férrea afetada

Também foram incluídos valores referentes a processos como a ação civil pública que cobra da Braskem R$ 6,7 bilhões, além de outras demandas, a exemplo da ação ajuizada pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que exige R$ 1,3 bilhão para relocar trecho de linha férrea afetado pelo rebaixamento do solo.

Na avaliação da Grant Thornton, empresa responsável pela auditoria do Relatório da Administração da Braskem, o “evento geológico de Alagoas” é “uma área de risco devido às incertezas” e que “ações movidas por autoridades competentes podem alterar significativamente o valor da provisão”.

“Assim, a Companhia não pode descartar futuros desdobramentos relacionados ao tema ou a seus gastos associados, e os custos a serem incorridos pela Braskem poderão ser diferentes de suas estimativas”, destacam os auditores.