Presídios prontos, mas parados há cinco anos, estão perto da ativação

O impasse envolvendo os presídios de Brumado e Irecê, que se arrasta desde 2016, parece estar próximo do fim. Nesta semana, foram divulgados os editais de licitação para contratação de empresas que farão a cogestão das duas unidades prisionais. O valor estimado dos contratos é de R$ 54 milhões (Brumado) e R$ 51 milhões (Irecê). Os dois presídios terão o mesmo número de vagas (531) e serão equipados com bloqueadores de celular. Cada unidade prisional custou R$ 21 milhões ao governo da Bahia.

A razão dos presídios não estarem funcionando é o entendimento do Ministério Público do Trabalho (MPT) de que os agentes penitenciários não podem ser contratados diretamente pelos vencedores das licitações. O MPT, que em 2016 levou o caso à Justiça, argumenta que a profissão de agente penitenciário não pode ser terceirizada, por se tratar de atividade típica de estado, ou seja, reservada a aprovados em concurso. A denominação atualizada dessa função – policial penal – reforça esse entendimento, segundo o MPT.

O governo da Bahia, que tem entendimento contrário, já foi condenado pela Justiça por contratar agentes penitenciários em caráter temporário, sem concurso público. Em 2016, essa prática foi considerada ilegal pela Justiça da Bahia, que determinou a convocação de aprovados no concurso de 2014.

Em 2019, liminar do STF favorável ao governo da Bahia – e que foi mantida na segunda e terceira instâncias – liberou a terceirização de agentes penitenciários em Irecê e Brumado, acolhendo o argumento de que a ativação das duas unidades penais construídas em 2016 é necessidade urgente. No entanto, o STF determinou que a terceirização fosse feita mediante acordo entre o sindicato da categoria e o MPT, algo que já foi tentado, porém sem sucesso. Nova reunião, agendada inicialmente para a próxima semana, foi adiada devido à pandemia.

A liminar do STF não travou o andamento da ação ajuizada pelo MPT, o que significa que o caso poderá ser afetado por outras decisões. Provocado por Olho Público, o MPT informou que não vai interferir nas duas licitações, o que possibilitará o início de atividades nos dois presídios. No entanto, isso não garante que a contratação de agentes terceirizados não volte a sofrer interferência.

Olho Público também procurou a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) para saber se já existe previsão de data para o início do funcionamento dos presídios de Brumado e Irecê, mas a assessoria de comunicação solicitou um pouco mais de tempo para enviar essa e outras respostas. Olho Público atualizará esta matéria assim que receber essas informações.

Salvador: região de Periperi é a campeã em crimes letais intencionais

Formada por seis bairros da capital baiana, a área integrada de segurança pública (AISP) de Periperi foi a que registrou, no segundo semestre de 2020, o maior número de crimes violentos letais intencionais (CVLI), classificação que engloba homicídio doloso, roubo com morte e lesão corporal seguida de morte. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), foram registradas naquela região 116 ocorrências, volume que representa aumento de 16% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A AISP de Periperi é formada pelos bairros de Coutos, Rio Sena, Alto da Terezinha, Praia Grande, Nova Constituinte e Periperi.

Em segundo lugar, no volume de ocorrências registradas no segundo semestre de 2020, aparece a AISP de Tancredo Neves, com 71 ocorrências, o que corresponde a uma diminuição de 4,2%, na comparação o segundo semestre de 2019. A AISP de Tancredo Neves envolve os bairros Novo Horizonte, Calabetão, Jardim Santo Inácio, Mata Escura, Sussuarana, Nova Sussuarana e Tancredo Neves. Em terceiro lugar, aparece a AISP de São Caetano (Retiro, Fazenda Grande do Retiro, Bom Juá, Capelinha, Boa Vista de São Caetano, Campinas de Pirajá, Marechal Rondon, Pirajá e São Caetano), com 61 ocorrências, o que representa uma diminuição de 24,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Entre as regiões de Salvador com maior aumento no volume de ocorrências, na comparação com o segundo semestre de 2019, destaca-se a AISP do Bonfim, onde o total saltou de 28 para 55 (aumento de 96,4%). Os bairros de Roma, Uruguai, Boa Viagem, Vila Ruy Barbosa, Jardim Cruzeiro, Monte Serrat, Caminho de Areia, Massaranduba, Mangueira, Ribeira e Bonfim compõem a AISP do Bonfim.

No interior da Bahia, a AISP de Feira de Santana permaneceu como região com maior volume de ocorrências (205), com uma pequena diminuição na comparação com o segundo semestre de 2019, quando foram contabilizados 201 registros. Na AISP de Eunápolis houve o aumento mais significativo (50%), considerando que o número de crimes violentos letais intencionais naquela região saltou de 60 para 90, conforme os dados da SSP.