SECTI cobra multinacional pelo uso de espaço no Parque Tecnológico

A filial brasileira da norte-americana Accenture, um dos maiores players globais de consultoria empresarial, tecnologia da informação e terceirização, está “inadimplente” quanto ao pagamento de aluguel pelo uso do Tecnocentro, espaço localizado no Parque Tecnológico da Bahia, em Salvador. Sindicâncias foram abertas para apurar essa situação e suposta fraude na emissão de boletos do aluguel cobrado à Accenture.

Na sindicância aberta pela Secretaria da Ciência e Tecnologia da Bahia (SECTI), a Coordenação do Parque Tecnológico da Bahia terá que dar explicações sobre a inadimplência da Accenture, e dizer se essa condição implicará na permanência (ou não) da multinacional no Tecnocentro.   A portaria que determina abertura de sindicância, publicada no último sábado (21 de agosto), não informa o valor da suposta dívida. O prazo para conclusão da sindicância é de 30 dias.

Olho Público procurou a assessoria de imprensa da Accenture, mas não obteve resposta. Em mensagem enviada ao blog, a assessoria de imprensa da SECTI pediu tempo adicional para responder as questões encaminhadas hoje (24 de agosto). Essa matéria será atualizada a qualquer momento, para inclusão do posicionamento da SECTI.

Fraude e adulteração

Outra sindicância envolvendo a presença da Accenture no Parque Tecnológico foi aberta pela Secretaria da Administração da Bahia (SAEB). A pasta investiga indícios de que um ex-servidor teria “fraudado/adulterado” Documentos de Arrecadação Estadual (DAE) emitidos para cobrança de “permissão de uso remunerada de bem imóvel, celebrada através da SECTI”.

Os boletos supostamente fraudados foram emitidos em 2017, com valores entre R$ 2,4 mil e R$ 14,8 mil. A portaria da SAEB não detalha qual tipo de vantagem foi supostamente obtida pelo ex-servidor, tampouco revela em que ano o investigado foi exonerado. Olho Público apurou que ex-servidor alvo da sindicância já trabalhou em gabinete de deputado estadual da Bahia.

Os boletos supostamente fraudados foram emitidos em 2017, com valores entre R$ 2,4 mil e R$ 14,8 mil. A portaria da SAEB não informa qual tipo de vantagem supostamente obtida pelo ex-servidor, tampouco revela em que ano o investigado foi exonerado. Olho Público apurou que ex-servidor citado pela sindicância já trabalhou em gabinete de deputado estadual da Bahia.

PMHPQB quer ser o segundo partido fundado por negros

A capital baiana é a sede do que poderá ser o segundo partido negro do Brasil. A edição de hoje (12 de agosto) do Diário Oficial da União traz o estatuto e o programa do Partido das Mulheres e Homens Pretos e Quilombolas do Brasil (PMHPQB). Olho Público conversou com o idealizador do partido, que revelou que a publicação feita na data em que a Revolução dos Búzios completa 223 anos foi uma feliz coincidência.

Quem assina os dois documentos como presidente do PMHPQB é o técnico em edificações aposentado Everaldo Gomes Pereira, 68 anos. Ele se apresenta como uma pessoa insatisfeita com o espaço ocupado por negros e negras na política. “Quem manda no sistema são os partidos. Não há um partido comandado por negros”, diz. Everaldo afirma que nunca teve ligação com partidos políticos, mas cita a Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), na qual ele é engajado, como berço do PMHPQB.

Fundada em 1823 e sediada no Pelourinho, a SPD foi criada por homens negros que se dedicavam à libertação de escravos, por meio da compra de cartas de alforria. A entidade, que também presta assistência a comunidades quilombolas, se mantém por meio de aluguéis de imóveis e de contribuições pagas por seus membros. Seus documentos de valor histórico são reconhecidos pelo Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Socialismo científico

Em seu estatuto, o PMHPQB se apresenta como entidade orientada “pelos princípios e pela teoria do socialismo científico”. O documento adianta que o partido “não participará de nenhuma coligação em qualquer pleito eleitoral”. Fazem parte dos objetivos do PMHPQB “proporcionar a igualdade social para todas as pessoas” e “promover e incentivar ações contra: o genocídio da população preta; contra o extermínio da juventude preta; contra a homofobia, feminicídio e racismo”.

A formalização do partido ainda depende de uma longa e custosa caminhada burocrática. A divulgação do estatuto e do programa é o estágio inicial. O casamento da publicação dos dois documentos com a data em que a Revolução dos Búzios completa 223 anos foi obra do acaso, garante Everaldo. O agendamento no Diário Oficial só foi confirmado na antevéspera. A publicação foi paga por uma vaquinha, o mesmo recurso utilizado pelos fundadores da SPD na compra de cartas de alforria.

Em 1930, surgia no Brasil a Frente Negra Brasileira (FNB), que em 1936 seria reconhecida como partido político, tornando-se a primeira organização desse tipo fundada por negros. Com sede em São Paulo e representações em diversos estados – incluindo a Bahia – a FNP era dividida em dois grupos divergentes, sendo que um deles apoiava a volta da monarquia, aliando-se à Ação Integralista Nacional. O outro tinha orientação socialista. A vida da FNP como partido foi bem curta, pois em 1937 todos os partidos políticos seriam extintos pelo presidente Getúlio Vargas.

WhatsApp e Facebook ajudaram a identificar sequestrador

Em decisão proferida na última segunda-feira (9 de agosto), um dos envolvidos no sequestro e desaparecimento de Marcos Costa Trinchão foi condenado a 26 anos de prisão. O empresário dono de supermercado foi raptado no dia 10 de fevereiro, na cidade de Pojuca (BA). A sentença revela que informações coletadas em redes sociais ajudaram a polícia a solucionar o caso.

Para chegar até Cícero dos Santos, um dos três homens que efetuaram o rapto, a polícia associou a um perfil no Facebook um dos celulares do sequestrador. Os policiais perceberam que a imagem do WhatsApp utilizado para exigir da família do empresário pagamento de resgate no valor de R$ 1 milhão reproduzia uma das tatuagens exibidas por Cícero na rede social.

Três policiais militares (dois soldados e uma cabo) lotados em Pojuca também participaram do sequestro. Cícero apontou como mandante um soldado que estava custodiado pela PM da Bahia. A ação foi comandada por meio de celular utilizado dentro da cela.

A família de Marcos Costa Trinchão entregou joias e R$ 35 mil reais aos sequestradores, que exigiram mais R$ 100 mil para libertar a vítima, o que não aconteceu. O corpo do empresário não foi encontrado. O juiz que aplicou a sentença a Cícero dos Santos declarou Trinchão com presumidamente morto, o que permite a expedição de um atestado de óbito.

CEASA: vencedor de licitação não será obrigado a manter feirantes

A minuta do contrato de concessão Central de Abastecimento de Salvador (CEASA) prevê que a empresa vencedora da licitação não será obrigada a manter os feirantes que atuam naquele local. O documento, que está disponível para consulta pública, adianta que o aluguel cobrado dos permissionários custará de R$ 28 a R$ 36 por metro quadrado.

Para bancos, restaurantes, lanchonetes, frigoríficos, representações comerciais e serviços automotivos, mencionados no edital como “atividades complementares”, o aluguel terá “preço de mercado livremente pactuado”. Os permissionários também pagarão uma taxa de administração do condomínio, “a qual está limitada a 7,5% incidente sobre as despesas condominiais”.

A data da licitação da concessão CEASA, com prazo de 35 anos, ainda não foi definida. Informação divulgada em julho pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia afirma que o negócio será realizado “ainda este ano”. A minuta do edital sinaliza que as empresas interessadas na concessão deverão apresentar garantia mínima de R$ 1,7 milhão para submeter propostas.

Residência estudantil é tombada pela Prefeitura de Salvador

Por meio de decreto publicado hoje (11 de agosto), a Prefeitura de Salvador aprovou o tombamento do casarão que abriga a residência estudantil da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Conhecido como “Casa Burguesa da Vitória”, o imóvel localizado no Corredor da Vitória foi construído no século XVIII, e adquirido pela UFBA em 1956.

“A continuidade do uso de habitação no imóvel permitiu a manutenção dos espaços internos e ambiência preservados, propiciando a leitura e hierarquia dos ambientes, preservação dos materiais e sistemas construtivos característicos da época de construção – estrutura, pisos, forros e esquadrias –, assim como a permanência dos jardins e visuais para a Baía de Todos-os-Santos”, destaca o decreto.

A iniciativa do tombamento é da UFBA. Com a publicação do decreto, qualquer intervenção imóvel dependerá de autorização e fiscalização exercidas pela Fundação Gregório de Mattos, para “promover a preservação de méritos arquitetônicos e paisagísticos do imóvel”.